ANP prevê concluir até julho revisão dos preços do petróleo proposta por MME para elevar receitas

ANP prevê concluir até julho revisão dos preços do petróleo proposta por MME para elevar receitas

NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) prevê concluir até julho o debate sobre a revisão dos preços de referência do petróleo para o cálculo dos royalties, uma das medidas em estudo pelo governo para compensar a perda de arrecadação com o recuo no aumento do IOF.

O debate se arrasta na agência desde 2022 e é foco de embate entre petroleiras e refinadoras privadas.

O MME (Ministério de Minas e Energia) pressiona a agência a acelerar o processo para antecipar ao menos R$ 5 bilhões em receita até o fim deste mandado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O sucesso da proposta, porém, depende de mudança do entendimento inicial da agência: na minuta apresentada ao mercado, a nova fórmula de cálculo dos preços de referência só começaria a vigorar 180 dias após sua aprovação -portanto, após a eleição de 2026.

A revisão começou a ser debatida pela ANP ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), sob o argumento de que o petróleo do pré-sal tem características que o tornam mais valorizado por empresas que buscam reduzir emissões, como, por exemplo, menor teor de enxofre.

Nesse processo, a ANP propõe uma fórmula para definir quanto custa cada tipo de petróleo produzido no país, valor usado para calcular a receita da produção e, depois, o que os concessionários devem em royalties e participações especiais cobradas sobre campos de alta rentabilidade.

Em abril, por exemplo, o preço estipulado para o petróleo de Tupi, o maior campo brasileiro, foi de R$ 373,65 por barril. No primeiro dia daquele mês, o petróleo Brent, referência internacional, valia US$ 70,14, ou R$ 398,60 por barril.

A ANP propõe que a nova fórmula de preços premie o petróleo do pré-sal pelo baixo nível de enxofre, reduzindo a diferença para o Brent. A minuta apresentada ao mercado estipula, além do prazo de carência, um período de 12 meses de implementação, com a substituição gradual da fórmula atual pela nova.

“A opção pelo período de doze meses leva em consideração, além dos efeitos sobre os agentes econômicos e entes beneficiários, as repercussões nos processos internos da ANP relacionados à apuração, consolidação e publicação mensal dos preços de referência”, alegava a área técnica da agência.

A revisão já foi debatida em duas audiências públicas desde 2022. Em nota enviada à Folha de S.Paulo, a agência diz que o tema é complexo e que “vem empregando esforços para dar o andamento adequado ao processo”. “O objetivo é assegurar a conclusão do rito regulatório com consistência técnica e refletindo os parâmetros mais adequados entre aqueles adotados no mercado internacional.”

A última audiência recebeu 44 contribuições do mercado. Responsáveis pelo pagamento dos royalties, as petroleiras reclamam que a revisão só estava prevista para 2026 e pedem a suspensão do processo.

Alegam ainda risco de insegurança jurídica na proposta do MME antecipar a vigência da nova fórmula, uma vez que a minuta da ANP prevê uma carência de 180 dias.

As refinarias reclamaram do prazo de carência e pedem uma revisão mais ampla, que considere não só o baixo teor de enxofre, mas outras características físico-químicas do petróleo brasileiro, como acidez e teores de nitrogênio, que poderiam reduzir ainda mais o desconto sobre o Brent.

O presidente do Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, diz que petroleiras vêm se valendo desse desconto para fazer planejamento tributário e, por isso, preferem exportar petróleo para subsidiárias no exterior a vender para refinarias no país

“Os produtores usam esse preço de referência quando exportam para coligadas no exterior”, diz. “Como exporta com preço menor do que o de mercado, paga IR [imposto de renda] e CSLL [contribuição social sobre o lucro líquido]. A União perde, estados e municípios perdem.”

Em apresentação feita à ANP no início do processo, o então Ministério da Economia calculou as perdas em R$ 9,6 bilhões por ano: R$ 5,3 bilhões em royalties e participações especiais, R$ 4 bilhões em impostos e contribuições e R$ 300 milhões em transações comerciais da estatal PPSA (Pré-sal Petróleo SA).

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