Crise fiscal traz instabilidade para setor de óleo e gás, diz Equinor
MACAÉ — Os riscos de aumento das participações governamentais sobre a produção de óleo e gás, no contexto da crise fiscal do governo federal, geram instabilidade para o setor, avalia o head de Relações Institucionais da Equinor, Thiago Martins.
Em entrevista ao estúdio eixos, na Macaé Energy 2025, o executivo destacou que esse cenário pode atrasar projetos que ainda não tiveram a decisão final de investimento tomada.
“Para [os projetos de] Raia e Bacalhau [fase 1] a gente conseguiu navegar bem nessa instabilidade. A gente espera que, daqui para frente, tenha menos instabilidade”, disse.
Ele cita que os riscos de aumento das participações governamentais se somam às discussões como a criação do Imposto Seletivo e que tudo isso reforça o cenário de instabilidade para a indústria petrolífera.
Martins pontua que foi justamente o arcabouço político e institucional favorável que permitiu à empresa tomar a decisão de investir em Raia.
E lembra que, em 2005, quando o bloco BM-C-33 foi comprado na 7ª Rodada de concessões da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), não havia sequer uma lei específica para o gás no Brasil.
“E aí todo o esforço das autoridades, da agência reguladora em regular esse mercado trouxe a possibilidade e o conforto de a gente poder trazer esse projeto”, afirmou.
“É um projeto enorme. São 16 milhões de m3/dia… Hoje, isso é a demanda de São Paulo. Então a gente vai botar no grid aí uma São Paulo inteira de gás”, complementou.
A Equinor se prepara para começar, em breve, a instalar o gasoduto do projeto Raia, previsto para 2028.
A companhia obteve, no fim de junho, a licença prévia do Ibama para o empreendimento.
“Com a licença de instalação [prevista para os próximos dias], a gente já começa a instalar o duto na parte offshore”, disse.
Em junho, a ANP aprovou a unificação dos campos de gás natural do projeto Raia, o que terá repercussão nas participações governamentais pagas pela Equinor sobre a produção.
Apesar disso, Martins classificou a aprovação do plano como uma vitória para o plano de execução do projeto.
“A ANP, com a EPE [Empresa de Pesquisa Energética] aprovaram o plano, aprovaram a construção do gasoduto e pra gente foi uma vitória muito grande”, disse.
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