Especialistas discutem normas para recarga de veículos elétricos

No segundo dia da 5ª edição do Canal Conecta, o painel “Como instalar um ponto de recarga: normas e práticas?” reuniu executivos e especialistas em mobilidade elétrica para discutir os desafios e as melhores práticas na instalação de estações de recarga no Brasil. 

Moderado por Rubens Morelli, editor do Canal VE, o encontro contou com a participação do diretor executivo da Recharge, Arthur Carrão; CEO e Co-fundador da Greenv, Junior Miranda; o especialista em carregador veicular na Autel, Marcelo da Silva; e o CEO da Power2Go, Tadeu Azevedo. Na discussão foram compartilhadas experiências práticas, projetos de alta complexidade e perspectivas para a expansão da eletromobilidade no país.

Segurança na instalação de carregadores

Para a instalação de carregadores, o tópico mais abordado pelos presentes foi a importância de se atentar à segurança. Junior Miranda, destacou a importância de seguir as normas técnicas – NBR 17019 e NBR 5410 – na instalação dessas instalações de recarga.

“É isso que separa as empresas sérias das empresas que talvez não se preocupem tanto com algumas outras questões”, disse Junior. A recente Diretriz Nacional dos Bombeiros recomenda a obrigatoriedade do cumprimento dessas normas pelos profissionais responsáveis, reforçando a necessidade de projetos seguros e de qualidade.

Para exemplificar a importância da segurança em um ponto de recarga, a discussão abordou ainda incidentes recentes relacionados a instalações improvisadas, como no caso mais recente em Santa Maria (RS), em que uma extensão elétrica improvisada gerou um incêndio. Segundo os especialistas, a utilização de equipamentos apropriados e a conscientização dos usuários são essenciais para reduzir riscos.

Expansão de infraestrutura

A expansão da infraestrutura de recarga aumentou os debates em todo o país sobre instalações seguras, especialmente após o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCGCBM/Ligabom) publicar uma diretriz nacional que estabelece parâmetros mínimos de segurança contra incêndio e controle de riscos em estacionamentos e áreas com pontos de recarga de veículos elétricos.

Um desses riscos abordados foi o uso de carregadores portáteis em garagens. Segundo Tadeu Azevedo, esses equipamentos são indicados principalmente como solução emergencial. Em ambientes inadequados, seu uso pode gerar riscos, especialmente em tomadas antigas ou mal dimensionadas. “Você não tem controle do que acontece porque a pessoa que comprar um carro não tem um nível de informação técnica, ela vai comprar na internet um carregador que está à venda, vai levar para casa, vai ligar e vai pegar fogo. Simples assim. Então, tem certas coisas que estão vindo nas normativas”, diz.

A orientação apresentada foi que sempre que possível, os usuários optem por carregadores fixos e devidamente instalados, que ofereçam maior segurança e conveniência.

Para Marcelo Oliveira, só de se analisar estrutura, fiação e o plugue de um carregador já é possível avaliar a sua qualidade. Mas, para passar a investir em postos de recarga, todo o local onde ele será instalado deve ser bem observado. “A instalação dentro do prédio é importante, mas é muito bom também olhar fora dele, se atentando também à estrutura das companhias”, falou. 

Demanda de energia 

Para atender à demanda futura, Arthur Carrão apontou a necessidade de planejamento de infraestrutura e parcerias com distribuidoras de energia, principalmente para enfrentar o gargalo de encontrar energia disponível em alguns lugares. Experiências positivas mostraram que a expansão da rede de recarga aumenta a receita das distribuidoras e facilita a implementação de soluções em condomínios e áreas urbanas.

“A combinação de quantidade de energia disponível, boa engenharia, um projeto bem executado, bastante tempo em treinamento e em planejamento de obras fica mais fácil de executar projetos de grande complexidade”, destaca, reforçando que esses são pontos que definem o avanço da eletromobilidade no país, garantindo segurança, eficiência e confiabilidade para o mercado brasileiro.