Rússia e Ucrânia põem fim ao fornecimento de gás natural russo à Europa por meio do território em guerra

Rússia e Ucrânia põem fim ao fornecimento de gás natural russo à Europa por meio do território em guerra

Grande parte da Europa perdeu acesso ao gás natural da Rússia nesta quarta-feira, quando terminou o prazo de um contrato assinado com a Ucrânia, que garantia o fornecimento contínuo da fonte de energia aos países europeus por meio de gasodutos que cruzam o país em guerra. O contrato foi assinado em 2019 e tinha duração de cinco anos, mas não foi renovado em meio ao conflito. Embora a maioria da União Europeia afirme que se preparou para o fim do fornecimento, a medida foi alvo de crítica de integrantes e preocupa profundamente ao menos um país do Leste Europeu às vésperas do inverno, que costumeiramente atinge temperaturas negativas.

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“Desde as 08h00 [02h00 em Brasília], não foi mais fornecido gás russo por meio da Ucrânia”, anunciou a russa Gazprom, maior empresa exportadora de gás natural do mundo, em um comunicado.

O gás russo é fornecido à Europa por meio de gasodutos que passam pela Ucrânia desde o fim da União Soviética, em 1991. A decisão de suspender o fluxo foi descrita por especialistas como parte de uma campanha mais ampla de Kiev e de seus aliados ocidentais para minar a capacidade de Moscou de financiar o esforço de guerra e limitar a capacidade do Kremlin de usar energia como método de barganha com a Europa — o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chegou a afirmar que seu país não permitiria que a Rússia “ganhe bilhões” ao custo de sangue ucraniano, enquanto o governo polonês classificou o corte como “outra vitória” contra Moscou.

“Interrompemos o trânsito do gás russo, é um acontecimento histórico. A Rússia perde mercados e sofrerá perdas financeiras”, disse o ministro da Energia ucraniano, Guerman Galushchenko, citado em comunicado.

Na outra ponta dos gasodutos, a União Europeia disse estar “preparada” para o corte do gás fornecido via Ucrânia — que representa apenas 5% dos 10 bilhões de metros cúbicos que o bloco importa do exterior. Somada ao gás fornecido por outros meios, a Rússia ainda era responsável por 10% das importações ao bloco em 2023. O percentual demonstra uma redução da dependência de Moscou por Moscou, que em 2021 importava 40% de todo o gás do país.

“A Comissão (Europeia) tem trabalhado mais de um ano se preparando para um cenário sem o gás russo que transita pela Ucrânia”, disse um comunicado do bloco na terça-feira.

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Unidade de armazenamento de gás da Gazprom, em Kasimov, na Rússia — Foto: Andrey Rudakov/Bloomberg

Gás russo ainda é fornecido ao continente por meio de gasodutos submarinos, conhecido como “TurkStream”, que cortam o Mar Negro. O combustível é enviado para países como Sérvia, Turquia e integrantes da UE, como Bulgária e Hungria. Países do bloco também importam gás natural liquefeito (GNL) em navios-tanque.

Enquanto vários países se prepararam para um corte total de gás russo, como a Áustria, um dos mais dependentes a anunciar cancelamentos de contrato de longo prazo com a Gazprom, em dezembro, a situação mais delicada é na Moldávia, que não faz parte da UE.

O país declarou 60 dias de estado de emergência ainda em dezembro, em meio aos anúncios sobre o fim do fornecimento de gás russo via Ucrânia. O fim do fornecimento pelos gasodutos colocam em risco direto a principal fonte de eletricidade do país: uma usina termelétrica na região separatista da Transnístria. A estação fornece dois terços da eletricidade consumida em todo o país.

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— O Kremlin recorre novamente à chantagem energética para influenciar as eleições legislativas de 2025 e minar nosso caminho europeu — disse a presidente da Moldávia, Maia Sandu.

De acordo com a BBC, o aquecimento e a água quente foram cortados na Transnístria “devido à interrupção temporária do fornecimento de gás” nesta quarta-feira, com a empresa de energia Tirasteploenergo recomendando que os moradores da região se vestissem bem, reunissem os familiares em um único cômodo, pendurassem cobertores ou cortinas grossas nas janelas e usassem aquecedores elétricos. A previsão era de que a temperatura caísse abaixo de 0°C na quarta-feira à noite, segundo a rede britânica.

Mesmo na UE, líderes simpáticos ao Kremlin criticaram a decisão ucraniana de não renovar o contrato. O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, criticou a medida e viajou a Moscou para discuti-la com o presidente russo, Vladimir Putin. O governante eslovaco também ameaçou cortar o fornecimento de eletricidade que tem feito à Ucrânia devido aos danos provocados pelos bombardeios russos à infraestrutura energética do país. Como principal ponto de entrada do gás russo na UE, a Eslováquia recebia taxas de trânsito pelo transporte do gás para a Áustria, Hungria e Itália.

Analistas militares também apontam como ponto sensível uma possível decisão de Moscou de bombardear a vasta rede de gasodutos da Ucrânia, que poupou em grande parte de ataques nos últimos três anos, agora que tem pouco incentivo para deixá-los ilesos.

A virada de ano foi marcada por uma chuva de drones russos na capital ucraniana. O ataque aéreo, que segundo a Força Aérea do país incluiu 111 drones (109 dos quais teriam sido abatidos) matou duas pessoas em Kiev, poucas horas após a mensagem de ano novo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que prometeu fazer o possível para pôr fim à guerra nos próximos 12 meses.

Os serviços de emergência ucranianos disseram que seis pessoas ficaram feridas e quatro foram resgatadas dos escombros, sugerindo que os incidentes envolveram equipamentos interceptados. Jornalistas da AFP na cidade ouviram várias explosões poderosas na madrugada de quarta-feira.

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Bombeiros apagam incêndio em prédio residencial em Kiev, nesta quarta-feira — Foto: STATE EMERGENSY SERVICE OF UKRAINE / AFP

Oficiais ucranianos afirmaram que os drones russos miraram o distrito de Pechersky, no centro de Kiev, onde estão localizados o palácio presidencial e o quartel-general do governo. Blocos de apartamentos foram atingidos e o banco central da Ucrânia informou que um de seus edifícios no centro da cidade foi danificado no ataque.

“Mesmo na noite de Ano Novo, a Rússia só se importa em prejudicar a Ucrânia”, afirmou em uma postagem no Telegram. (Com AFP e NYT)

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