Total nega quebra de acordos, povo desconfia – DW – 02/09/2025

Total nega quebra de acordos, povo desconfia – DW – 02/09/2025

O diretor-geral da TotalEnergies em Moçambique rejeita as acusações de que esteja a prejudicar a economia local. Segundo explicou Maxime Rabilloud, não há qualquer intenção de isolar a empresa do resto da região.

A concentração de empresas subcontratadas dentro do acampamento do projeto de gás natural, em Afungi, deve-se apenas à fase de preparação para o reinício das atividades, que exige formação e alinhamento operacional, afirmou Rabilloud.

“Ouvi dizer que operamos de forma isolada, talvez seja um desentendimento do que estamos a fazer para nos preparar para o início do projeto, que implica um acréscimo muito forte de atividades. Então, é muito importante que todas as empresas que participaram do início estejam bem preparadas e no mesmo lugar para poderem trabalhar e para que façam um reinício efetivo de qualidade”, explicou o responsável em declarações aos jornalistas, na segunda-feira (01.09).

“Deserto económico”

As declarações não convenceram parte da comunidade local. A empresária Ema Salimo acusa a multinacional de “mentir”, reafirmando que a população está a ser excluída de um projeto milionário instalado no seu território.

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Segundo Ema Salimo, a retirada de empresas de Palma para o acampamento do projeto em Afungi deixou um “deserto económico” na vila, aumentando o desemprego e bloqueando oportunidades para empresários nacionais.

“O que nós estávamos à espera era que o diretor da TotalEnergies viesse à comunidade [reconhecer] que fechou as empresas aqui dentro, e afirmar que tem algo a oferecer. O que reivindicamos é que a Total abra as portas para trabalhar connosco”, vinca, acrescentando que “aquele é um projeto milionário e não é possível a comunidade de Palma estar isolada daquele projeto”.

Além das críticas ao suposto afastamento, Salimo questiona a prioridade alegadamente dada a empresas estrangeiras em detrimento dos empreendedores moçambicanos. A empresária sublinha que “quem precisa de formação são os moçambicanos, não as multinacionais já consolidadas”.

“[O diretor-geral] está a dizer que as empresas que foram colocadas dentro do acampamento são para serem formadas. As multinacionais precisam de formação? Se precisam de formação, o que estão a fazer aqui em Moçambique? Porque elas tinham de vir para formar-nos”, contesta.

“Há sinais de isolamento”

Na mesma linha, o académico Vasco Acha, que acompanha de perto a situação em Cabo Delgado, afirma que há sinais de isolamento. Segundo ele, várias empresas locais, como as de hotelaria e restauração, perderam clientes e trabalhadores para o interior do acampamento. Vasco Acha considera que a comunicação entre a Total e a comunidade “está a falhar gravemente”.

 Total nega quebra de acordos, povo desconfia – DW – 02/09/2025
Empresários de Cabo Delgado submeteram nova carta ao governo distrital de Palma, solicitando um encontro com a multinacional TotalEnergiesFoto: Sebastian Gabsch/Future Image/IMAGO

“Pode ser que ele, como diretor-geral, não tenha o pleno domínio do cenário no terreno. Eu estava lá em Palma e vi realmente que os trabalhadores estão a ser confinados, e algumas empresas de catering foram recrutadas para servirem refeições internamente no acampamento. Alguns trabalhadores residentes já se despediram dos familiares para acantonar lá dentro”, sublinha.

O investigador alerta ainda para os riscos de prolongar a ausência de diálogo entre os empresários locais e a multinacional francesa, líder do projeto da Área Um da Bacia do Rovuma. “No dia 21 de agosto houve um encontro entre governantes, empresários e as comunidades locais. Nesse encontro, os responsáveis da TotalEnergies não estavam presentes. Significa que a Total ainda não comunicou com a comunidade”, ressalta.

Se a situação persistir, o académico Vasco Acha teme um agravamento da desconfiança entre a empresa e a população. E aponta que, para além das consequências económicas imediatas, a falta de comunicação clara pode fragilizar o ambiente social em Palma, criando obstáculos à estabilidade necessária para o avanço do megaprojeto de gás natural.

Os empresários de Cabo Delgado submeteram, nesta terça-feira (02.09), mais uma carta ao governo distrital de Palma, solicitando um encontro com a multinacional neste mês de setembro para delinear possíveis saídas para o impasse instalado.

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