TotalEnergies vai levantar na próxima semana, a declaração de força maior sobre o projecto Mozambique LNG
O anúncio, avançado pelo portal especializado Upstream, confirma meses de negociações intensas entre a petrolífera francesa, o Governo moçambicano e financiadores internacionais. Declarada em Abril de 2021 após ataques insurgentes em Palma, a força maior congelou obras, paralisou contratos e suspendeu a mobilização de milhares de trabalhadores, afectando a trajectória económica nacional.
Com a decisão agora iminente, a TotalEnergies prepara-se para retomar a construção das infra-estruturas de liquefacção de gás na Área 1, liderando um consórcio que inclui a japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a tailandesa PTTEP, a Bharat Petroleum, a Oil India e a moçambicana ENH. A retoma permitirá desbloquear contratos de fornecimento de GNL já firmados com clientes na Ásia e na Europa, num momento em que a procura global permanece elevada e a transição energética redefine mercados.
Do ponto de vista financeiro, o levantamento da força maior reabre igualmente o acesso a linhas de crédito internacionais e project finance associados ao projecto, considerados cruciais para sustentar o volume de investimento.
O Governo moçambicano vinha insistindo, desde 2023, na necessidade de reactivação do projecto, destacando os progressos de segurança em Cabo Delgado, onde a intervenção conjunta das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, da SADC e do Ruanda estabilizou parte significativa do território.
Para Moçambique, o impacto da retoma é decisivo. Estima-se que o Mozambique LNG possa gerar receitas fiscais anuais superiores a US$ 2,5 mil milhões no pico da produção, além de criar milhares de postos de trabalho directos e indirectos e dinamizar cadeias de fornecimento locais.
Num contexto em que o país já conta com a produção flutuante da Coral Sul (ENI) e prepara a Coral Norte, a retoma do Mozambique LNG recoloca Moçambique entre os grandes futuros exportadores de GNL, ao lado de países como Qatar e Estados Unidos.
Segundo fontes do sector, os próximos passos incluirão a reactivação de contratos com os principais empreiteiros de engenharia e construção (Technip Energies e JGC Holdings), bem como a calendarização da mobilização em Afungi.
O levantamento da força maior não apenas reactiva o maior investimento estrangeiro em Moçambique, como também envia um sinal de confiança aos mercados internacionais sobre a estabilidade e resiliência do país. Para o Governo, representa um impulso fundamental às perspectivas de crescimento económico, diversificação de receitas e fortalecimento do conteúdo local. ( O.Económico com Upstream)
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