Escassez de moeda estrangeira ameaça sustentabilidade dos sectores produtivos em Moçambique

O presidente da Confederação das Associações Empresariais de Moçambique (CTA), Álvaro Massingue, considerou que a escassez de moeda estrangeira, em particular do dólar norte-americano, representa uma das principais limitações ao funcionamento eficiente dos sectores produtivos, com ênfase na indústria, agricultura comercial, turismo, mineração e logística.
Massingue fez estas declarações em Maputo, no âmbito do 11º Conselho de Monitorização do Ambiente de Negócios, abordando os desafios relacionados com a retoma do megaprojeto de 20 bilhões de dólares, liderado pela empresa francesa TotalEnergies, na província do Cabo Delgado.
O líder empresarial realçou que a dificuldade no acesso à moeda estrangeira impede a aquisição atempada de matérias-primas, insumos agrícolas, peças de reposição, combustíveis e equipamentos essenciais, afectando assim os níveis de produção, a produtividade e a competitividade das empresas moçambicanas.
Esta limitação prejudica igualmente a capacidade de cumprimento de contractos com fornecedores internacionais, compromete cadeias de valor e aumenta significativamente os custos de produção. Em alguns casos, a situação pode levar ao encerramento parcial ou total das operações, provocando perdas de emprego e diminuição das receitas fiscais.
Com o intuito de mitigar esta problemática, Massingue apelou ao governo para implementar políticas macroeconómicas que promovam uma maior estabilidade da taxa de câmbio e incentivem a geração de moeda estrangeira doméstica através da diversificação das exportações.
O responsável também solicitou a adopção de medidas que visem aumentar a produção interna para substituir importações, bem como a criação de mecanismos que estimulem o investimento directo estrangeiro, especialmente nos sectores que mais contribuem para a captação de moeda estrangeira.
Adicionalmente, Massingue destacou a importância de continuar a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, de modo a permitir que a TotalEnergies possa retomar as suas operações, que foram interrompidas em 2021 após um ataque significativo à vila de Palma. Ele sublinhou que a empresa já poderia estar a produzir gás natural liquefeito há bastante tempo, não fosse a instabilidade causadora de constrangimentos às operações das multinacionais.
“É impossível que as multinacionais operem sem paz. Este foi um dos pontos que destaquei no meu discurso – a paz é essencial para que os negócios possam fluir. Sem paz, os investidores não se sentirão confortáveis para continuar no nosso país”, enfatizou Massingue.
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