Diálogo Entre TotalEnergies e Empresários de Palma Reforça Conteúdo Local • Diário Económico
O distrito de Palma acolheu, no último sábado (6), um encontro entre o director-geral da TotalEnergies em Moçambique, Maxime Rabilloud, e representantes do sector privado local, com o objectivo de discutir a participação das empresas da região nas actividades do projecto Mozambique LNG, avaliado em cerca de 1,3 bilião de meticais (20 mil milhões de dólares).
A reunião teve lugar horas depois da cerimónia oficial de entrega da estrada Quitunda-Senga, uma infra-estrutura de 15 quilómetros construída com um investimento aproximado de 169 milhões de meticais (2,6 milhões de dólares), no âmbito das acções de responsabilidade social associadas ao projecto.
Durante o encontro, os empresários de Palma manifestaram preocupação com a alegada exclusão nos processos de contratação e fornecimento de bens e serviços à multinacional, bem como com o confinamento dos trabalhadores no acampamento de Afungi, o que, segundo afirmaram, tem “sufocado” a actividade económica local.
Pedro da Silva, representante da Confederação das Associações Económicas (CTA) em Palma, foi peremptório ao afirmar que “Palma está esquecida, está morta”, acrescentando que o distrito, outrora símbolo de expectativa de prosperidade, deixou de reflectir as promessas associadas à exploração de gás natural.
“O problema é que a empresa fechou as portas e os empresários locais ficaram de fora, sem nenhum conhecimento e sem nenhuma informação. Se a empresa tivesse sido aberta e dito que esta era a forma de trabalhar, não teríamos todos estes problemas”, declarou.
Momed Omar, empresário do sector hoteleiro, corroborou a posição ao lamentar a quebra da procura local. “Temos alojamentos e restaurantes sem clientes porque os trabalhadores estão confinados em Afungi. Tal limita o dinamismo da economia local”, afirmou.
Por seu turno, Ema Salimo, operadora na área de logística, apontou a necessidade de maior transparência: “Existe a percepção de que nem todos os produtos comprados pelo projecto vêm de empresários locais. Precisamos de oportunidades reais de participação.”
Perante estas inquietações, Maxime Rabilloud reconheceu falhas nos mecanismos de comunicação entre a TotalEnergies e os actores económicos locais. “Foi uma reunião importante. Notei que existem falhas de comunicação. Quero deixar claro: não há nenhuma intenção de reduzir as compras aos empresários locais. Pelo contrário, com o levantamento da ‘força maior’, vamos aumentar a participação da economia local”, garantiu.
Segundo explicou, actualmente uma parte significativa dos alimentos consumidos pelos cerca de 2000 trabalhadores no centro de operações em Afungi já é fornecida por produtores e comerciantes do distrito. Rabilloud reafirmou que a empresa pretende assegurar que os benefícios do projecto sejam partilhados com as comunidades anfitriãs.
Relativamente ao confinamento dos trabalhadores, o responsável esclareceu tratar-se de um procedimento comum em empreendimentos de grande escala, particularmente por razões de segurança. “As pessoas que trabalham na construção do projecto precisam de estar dentro do acampamento, situação que vai continuar. Isso pode ter levado à ideia de que ninguém mais poderá trabalhar connosco, o que não será o caso”, disse.
Apesar das explicações, ficou agendada uma nova sessão de trabalho para o dia 11 de Setembro. Nessa ocasião, uma equipa técnica da TotalEnergies deverá ouvir as propostas individuais dos empresários e apresentar soluções concretas. Maxime Rabilloud comprometeu-se ainda a regressar a Palma antes do final do mês.
A TotalEnergies informou que estão em curso os preparativos para a retirada formal da cláusula de “força maior”, que suspendeu o projecto em 2021 na sequência dos ataques armados em Cabo Delgado. A retoma plena das operações poderá ocorrer em breve, num contexto de crescente expectativa local.

Texto: Felisberto Ruco
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