Refinaria de Manaus sofre desmonte e demissões em massa – Vocativo
Privatizada em 2022, a Refinaria de Manaus demitiu 75 funcionários, metade da força de trabalho. Produção de gás de cozinha caiu 73%. Sindicatos denunciam desmonte e alertam para impactos no emprego, arrecadação e abastecimento da região Norte
A Refinaria de Manaus (Ream), privatizada em 2022 e atualmente sob gestão da iniciativa privada, enfrenta uma grave crise que ameaça seu funcionamento e impacto econômico na região Norte. A denúncia é da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), que alertam para um processo de desmonte estrutural e funcional na unidade.
Segundo as entidades sindicais, 75 trabalhadores estão sendo demitidos, o que representa cerca de 50% da força de trabalho da refinaria. O cenário, segundo o Sindipetro-AM, configura uma demissão em massa e põe em risco não apenas os empregos, mas também a função estratégica da Ream na produção e abastecimento de combustíveis no Amazonas.
Sob gestão privada desde dezembro de 2022, a Ream tem operado de forma limitada, e há indícios de que esteja sendo convertida em um mero terminal de distribuição de combustíveis. Isso, na avaliação do coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, representa um “retrocesso econômico” para a região Norte, historicamente dependente da refinaria para geração de emprego, renda e arrecadação tributária.
A produção de combustíveis também sofreu quedas expressivas desde a privatização. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelam que a produção diária de gás de cozinha (GLP) caiu de 1,3 mil barris para apenas 340 barris — uma queda de 73%. No caso do óleo diesel, a produção recuou de 11,6 mil barris/dia para 7,7 mil barris, uma retração de 33%.
“O modelo privado busca rentabilidade e, por isso, tende a reduzir a produção de derivados com menor margem de lucro. Além disso, essas refinarias não produzem seu próprio petróleo, o que as torna dependentes da compra interna ou da importação a preços internacionais, impactando o abastecimento”, afirmou Bacelar.
A FUP e o Sindipetro-AM também destacam que compromissos assumidos durante o processo de privatização, inclusive com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a própria ANP, previam a continuidade das operações e o funcionamento pleno da refinaria. As entidades afirmam que já encaminharam denúncias formais ao Ministério de Minas e Energia e à ANP.
Bacelar concluiu reforçando o chamado à mobilização da categoria e da sociedade. “Seguiremos atentos e firmes na defesa dos direitos dos trabalhadores e da soberania energética da região Norte”, declarou, adiantando que novas ações estão previstas em reuniões que ocorrerão em Brasília nos próximos dias.
Descubra mais sobre Vocativo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
Share this content:
Publicar comentário