Polícia Federal revela lista de postos com gasolina adulterada
A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), revelou detalhes de um esquema milionário que adulterava combustíveis em São Paulo e envolvia diretamente a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entre os estabelecimentos investigados está o Auto Posto Bixiga Ltda., localizado na Bela Vista, região central da capital, que já havia sido interditado quatro vezes entre 2022 e 2024.
Metanol em até 50% da gasolina vendida
Segundo as investigações da Operação Carbono Oculto, o posto recebia carregamentos de metanol importado — produto químico altamente tóxico e não produzido no Brasil — que deveria seguir para indústrias químicas em Mato Grosso.
Em vez disso, caminhões desviavam a rota e descarregavam a carga em postos da Grande São Paulo. Documentos apreendidos mostram que notas fiscais frias e empresas de fachada eram usadas para mascarar o transporte ilegal.
O metanol, que em concentrações acima de 0,5% torna o combustível impróprio para consumo, chegou a representar até metade da composição em bombas ligadas ao esquema. A ANP já havia constatado irregularidades no Auto Posto Bixiga, onde clientes relataram problemas após abastecer. Em 2022, por exemplo, o motorista Vinícius Pimenta afirmou que seu carro parou de funcionar dias depois de encher o tanque no local.
Além do Bixiga, a Justiça citou 19 postos de combustíveis em São Paulo relacionados à fraude, que fazia parte de uma engrenagem maior de lavagem de dinheiro. Estima-se que o PCC tenha movimentado mais de 10 milhões de litros de metanol no período, desviados do terminal marítimo de Paranaguá (PR) antes de chegar ao destino formal.
A Receita Federal também apontou que a facção usava uma rede de mais de mil postos de combustíveis para escoar valores do crime organizado, tanto em espécie quanto via maquininhas de cartão, reinserindo o dinheiro no sistema financeiro.
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