LULA COBRA MAIS FISCALIZAÇÃO EM PREÇOS E COMBUSTÍVEIS E FAZ “ELOGIO” À GESTÃO DE MAGDA CHAMBRIARD NA PETROBRÁS

O presidente Lula participou hoje (4), em Duque de Caxias (RJ), da cerimônia que oficializou o investimento de R$ 33 bilhões da Petrobrás e da Braskem nos setores de refino e petroquímica. Logo no início de sua fala, antes mesmo das tradicionais nominatas, Lula fez críticas a vários órgãos de fiscalização, pedindo mais rigor no acompanhamento dos reajustes nos preços dos combustíveis.

“É preciso fiscalizar para saber se os preços estão sendo justos ou se tem alguém tentando mais uma vez enganar o consumidor brasileiro. Se não, seremos tratados como bando de imbecis, porque decidimos uma coisa e ela não acontece na ponta“, afirmou. Lula citou órgãos como a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacom), a Polícia Federal e o Procon, pedindo um acompanhamento mais de perto dos valores que estão sendo cobrados na bomba dos postos de gasolina.

“É preciso que esses órgãos, que têm a função de fiscalizar, não permitam que nenhum posto de gasolina neste país venda o combustível mais caro do que ele tem que vender. Não é possível que a Petrobrás anuncie tanto desconto no óleo diesel e esse desconto não chega para o consumidor”, declarou o presidente.

MAGDA TEM CARA DE “BOBINHA”, MAS É “COMPETENTE”

Em outra parte do discurso, Lula fez um “elogio” inusitado à presidente da Petrobrás, Magda Chambriard. O petista começou dizendo que a executiva é “uma das coisas boas que acontece na vida da gente“. A partir daí, a velha e boa habilidade com a improvisação do presidente começou a desafinar. “Quem olha para a Marta [o presidente errou o nome da presidente] assim, à primeira vista, essa mulher frágil, que anda devagar, que fala manso, pode pensar que ela não tem condições de dirigir uma uma empresa da magnitude da Petrobrás“, disse Lula. “E a surpresa é que a companheira Magda é extraordinariamente competente, não para dirigir uma Petrobrás, pra dirigir duas Petrobrás, ela teria competência para apresentar os investimentos que estão sendo feitos aqui“, emendou.

Em outro trecho de sua fala, Lula disse que “Quem vê a Magda assim pensa ‘ah, aquela presidente é bobinha, vamos acossar ela’. Tá ferrado. Tá ferrado porque não sabe a quantidade de inteligência tratada de veneno que tem na cabeça dessa mulher“.

NOVOS PROJETOS EM REFINO E PETROQUÍMICA 

Os aportes anunciados hoje pela Petrobrás já haviam sido antecipados pela companhia ao longo da semana. Somando mais de R$ 33 bilhões, os investimentos têm potencial para criar mais de 38 mil empregos, diretos e indiretos, por meio de iniciativas voltadas à ampliação da eficiência operacional, à produção de combustíveis renováveis e ao estímulo ao desenvolvimento socioeconômico. Desse total, R$ 29 bilhões serão investidos diretamente pela Petrobrás e outros R$ 4 bilhões pela Braskem, em um projeto que atua de forma integrada com os ativos da estatal.

Durante a cerimônia desta quinta-feira, a Petrobrás apresentou também avanços nos testes de produção de combustíveis com conteúdo renovável, como o Diesel R e o SAF (Sustainable Aviation Fuel), por meio do processo de coprocessamento. Foram anunciadas ainda a intensificação da integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o Complexo de Energias Boaventura, novos estudos e projetos na área de petroquímica em conjunto com a Braskem, além de aportes em qualificação profissional por meio do Programa Autonomia e Renda.

Na área de infraestrutura, o destaque principal é justamente o Complexo de Energias Boaventura, localizado em Itaboraí (RJ), e sua interligação com a Reduc. O conjunto de obras, estimado em R$ 26 bilhões, deverá gerar cerca de 30 mil empregos. A estrutura vai ampliar a capacidade de produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia (bpd), de querosene de aviação em 20 mil bpd e de lubrificantes grupo II em 12 mil bpd. Também está prevista uma planta dedicada à produção de combustíveis renováveis, como HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) e SAF, com capacidade de 19 mil bpd.

Entre as novidades em análise na integração entre o Complexo Boaventura e a Reduc está a implantação de um processo sustentável de rerrefino de lubrificantes, com capacidade para produzir 6,3 mil bpd. Com a operação do complexo voltada à produção de lubrificantes grupo II, a Reduc poderá adaptar instalações já existentes para tratar óleos usados, aplicando o conceito de economia circular e transformando resíduos em produtos de maior valor agregado. O teste de coprocessamento já recebeu aprovação da ANP e deve ser realizado em setembro.

“Só aqui no Estado do Rio de Janeiro, além dos nossos investimentos em exploração e produção, estamos investindo R$ 33 bilhões nesse megaprojeto envolvendo Reduc, Complexo Boaventura e Braskem. Serão gerados 38 mil postos de trabalho em um local que já se encontra carente de soldadores, caldeireiros, eletricistas etc. Isso é pleno emprego nessa localidade. Estamos treinando profissionais no programa Autonomia e Renda. Serão cerca de 3.200 profissionais para atuarem nesse segmento da indústria. Estamos gerando um círculo virtuoso no estado do Rio de Janeiro com todo esse investimento”, destacou Magda Chambriard.

Planta da Braskem no Rio de Janeiro

No setor petroquímico, um dos principais projetos envolve a ampliação da unidade de polietileno da Braskem, que aumentará sua capacidade produtiva em até 230 mil toneladas anuais. A iniciativa utiliza gás natural proveniente da Rota 3 do Complexo Boaventura, está atualmente na Fase 3 de planejamento e tem orçamento estimado em R$ 4,1 bilhões, ainda sujeito às aprovações internas da Braskem. A expectativa é de geração de cerca de 7.500 empregos. A Petrobrás possui 47% do capital votante da empresa.

Também em fase de avaliação, outra frente promissora no Complexo de Energias Boaventura é a produção de ácido acético e monoetileno glicol, insumos amplamente utilizados na indústria química. Se concretizado, o projeto poderá reduzir a dependência externa do Brasil em relação a essas matérias-primas, hoje importadas.

No campo da geração térmica, está previsto o desenvolvimento de uma nova central termelétrica composta por duas usinas de 400 MW cada. A intenção é participar dos próximos leilões de reserva de capacidade, aproveitando as sinergias com a estrutura da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Itaboraí.

Para assegurar a integridade e o bom funcionamento das unidades da Reduc, a Petrobrás também prevê investimentos de até R$ 2,4 bilhões em paradas programadas de manutenção até 2029. Só em 2026, estão previstas grandes intervenções nas unidades de coqueamento retardado e hidrotratamento, com estimativa de geração de 18 mil empregos diretos e indiretos.