Máquinas agrícolas rumo ao aproveitamento total de energias renováveis | Revista Inovação
Veículos pequenos, com baixas demandas energéticas, deverão seguir a tendência de serem atendidos por eletrificação, de acordo com o compromisso estratégico da CNH, fabricante de tratores Case IH e New Holland, visando acelerar o caminho para uma agricultura com zero emissões de gases de efeito estufa. “Ano após ano, estamos demonstrando soluções sustentáveis de energia limpa, testando provas de conceito que estavam sempre à frente de seu tempo, estabelecendo novos padrões, explorando os limites da tecnologia e aprendendo sobre a viabilidade da introdução dos novos produtos no mercado”, destaca Flávio Mazetto, diretor de produtos e portfólio da CNH para a América Latina.
No ano passado, a CNH lançou a miniescavadeira elétrica E15X, um produto do setor de construção que também pode ser usado na agricultura. Na Agrishow 2024, realizada em Ribeirão Preto (SP), em maio, foram exibidos o Farmall 75C Elétrico, da Case IH, e o T4 Electric Power, da New Holland, os primeiros tratores totalmente elétricos da indústria brasileira. “Em nossa visão, este será um caminho a ser continuamente seguido pelos sistemas de propulsão no futuro”, afirma Mazetto.
Em relação aos veículos mais pesados, com maiores demandas energéticas, no entanto, segundo o executivo, a tendência é serem atendidos por biometano. “Isso ocorre porque os tratores movidos a gás natural oferecem os mesmos níveis de potência e torque que seus equivalentes a diesel, porém reduzem as emissões totais em até 80% e proporcionam economia de custo de combustível de até 30%”, explica.
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Fabricante multinacional de equipamentos agrícolas para 140 países, com sede em Duluth (Georgia), Estados Unidos, a AGCO acelera o desenvolvimento do trator movido a biometano, que envolve a adaptação de motores agrícolas para utilização de combustíveis alternativos, como etanol e biometano, informa Fabrício Nogueira Natal, vice-presidente global de engenharia da subsidiária brasileira.
“A inovação inclui o desenvolvimento de novos componentes para que funcionem eficientemente com biometano, combustível produzido a partir de resíduos orgânicos, como biomassa e resíduos agrícolas”, comenta.
Para Natal, o impacto do projeto é significativo, pois reduzirá custos operacionais devido ao menor preço dos combustíveis alternativos e diminuirá a dependência de combustíveis fósseis, o que proporciona maior segurança energética. “A entrada no mercado dos motores movidos a etanol e biometano deve gerar um volume de vendas substancial para a AGCO, tanto em veículos como na produção de motores que é realizada no Brasil”, ressalta.
Na avaliação de Cristian Malevic, diretor de engenharia responsável pela unidade de soluções em descarbonização da Tupy, multinacional brasileira do setor de metalurgia, as máquinas agrícolas utilizadas para plantio e colheita de cana-de-açúcar ainda carecem de versão de motores que possam compartilhar do combustível produzido pela própria usina — o etanol, o que viabilizaria a redução ainda maior da pegada de carbono para esse biocombustível.
Por isso, relata Malevic, a Tupy tem dedicado seus investimentos ao desenvolvimento da solução chamada “bioplanta”, destinada à produção de biometano, combustível renovável e fertilizante organomineral, a partir dos dejetos e resíduos gerados nas propriedades agrícolas.
As bioplantas, que trazem a marca MWM, adquirida pela Tupy no fim de 2022, são fábricas próprias de transformação de resíduos orgânicos da cadeia de alimentos em biometano, que tem substituído o diesel nos diversos caminhões e máquinas que já utilizaram o serviço de transformação veicular, oferecido pela companhia. “Em um dos clientes, uma importante usina do interior de São Paulo, na safra 2023/2024, mais de 685 mil litros de diesel foram substituídos por biometano oriundo da biodigestão da vinhaça, que move os caminhões e motobombas da empresa”, conta Malevic.
Pelo menos três fábricas estão em desenvolvimento, complementando o portfólio da Tupy para além da fabricação de motores e equipamentos movidos a biocombustíveis. A bioplanta de Ouro Verde do Oeste, próximo à cidade de Toledo (PR), iniciou suas operações em novembro, associada à Cooperativa Primato, afiliada à Frimesa. O projeto receberá diariamente em torno de 1,2 milhão de litros de dejetos suínos provenientes de 65 mil animais. Em Divinópolis, a pouco mais de cem quilômetros de Belo Horizonte (MG), segue em ritmo acelerado a instalação de uma segunda bioplanta, onde dejetos de aves poedeiras serão transformados em energia elétrica para atender ao Rancho da Lua, uma granja que vai operar com um milhão de animais, além da fábrica de ovos pasteurizados da empresa. A terceira planta será instalada na cidade de Seara (SC), em parceria com a Seara-JBS, e atenderá em torno de 80 propriedades da região.
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